WASHINGTON (Reuters) - O crescimento econômico dos Estados Unidos veio como esperado no terceiro trimestre, mas não o suficiente para aliviar o elevado desemprego ou mudar a perspectiva de mais flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve na semana que vem.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu a uma taxa anual de 2,0 por cento, puxado pelos gastos dos consumidores, que avançaram no ritmo mais rápido desde 2006, informou o Departamento de Comércio nesta sexta-feira.
Embora os gastos dos consumidores e o investimento das empresas tenham continuado a se expandir, a maior parte do aumento da demanda foi atendida pela produção no exterior e os bens domésticos continuaram a se acumular nos armazéns, sugerindo crescimento fraco no quarto trimestre.
"A economia está se recuperando, mas num ritmo anêmico, e isso certamente vai ajudar o Fed em suas deliberações (na semana que vem)", disse Hugh Johnson, chefe de investimentos da Hugh Johnson Advisors, em Albany, Nova York.
A economia dos EUA freou abruptamente no segundo trimestre, quando o crescimento do PIB desacelerou para uma taxa de 1,7 por cento, e o crescimento do terceiro trimestre veio em linha com as expectativas dos economistas.
Detalhes do relatório do PIB, que mostrou o núcleo da inflação rodando no segundo menor nível desde 1962, reforçaram as expectativas do mercado financeiro de que o Fed anunciará uma segunda rodada de compras de títulos, na sua reunião da semana que vem, para empurrar as taxas de juro ainda mais para baixo para dinamizar a recuperação e afastar as pressões deflacionárias.
Analistas esperam que o Fed anuncie uma nova rodada de compras de títulos de cerca de 100 bilhões de dólares por mês, ao concluir sua reunião na próxima quarta-feira.
A economia norte-americana está experimentando uma recuperação lenta para os padrões históricos, com o desemprego em 9,6 por cento e os cidadãos cada vez mais preocupados com o futuro.
Isso pode gerar mudanças no cenário político do país nas eleições parlamentares de terça-feira, que podem soar como voto sobre o desempenho do presidente Barack Obama na economia. Seu partido democrata deverá sofrer grandes perdas.
CONSUMO SÓLIDO; BALANÇA FRAQUEJA
Economistas dizem que um ritmo de crescimento de pelo menos 3,5 por cento, impulsionado pela procura interna sólida e exportações, ao longo de vários trimestres é necessário para reduzir o desemprego elevado.
O avanço nos gastos do consumidor deu à economia um fôlego no terceiro trimestre. Os gastos dos consumidores, que representam 70 por cento de atividade econômica dos EUA, aumentaram a uma taxa de 2,6 por cento, depois da alta de 2,2 por cento no período anterior.
O crescimento do terceiro trimestre foi o maior desde o quarto trimestre de 2006 e acrescentou 1,79 ponto percentual ao crescimento do PIB.
O desempenho do PIB foi apoiado também pelo aumento de 115,5 bilhões de dólares nos estoques empresariais, após um avanço de 68,8 bilhões de dólares no segundo trimestre. Os estoques adicionaram 1,44 ponto percentual para o crescimento.
A acumulação de estoques sugere um PIB mais lento à frente, apesar de um dado sobre a atividade manufatureira na região Centro-Oeste dos EUA ter mostrado aumento de produção.
O relatório sobre o PIB indicou que os gastos das empresas continuaram a crescer no trimestre, mas o ritmo desacelerou a partir do período anterior, com moderação notável do investimento em equipamentos e software, após três trimestres de crescimento robusto.
O crescimento foi amortecido pelas importações, que continuaram superando as exportações.
O relatório do PIB mostrou ainda que a medida de inflação preferida do Fed, o índice de preços do consumo pessoal de despesas, excluindo alimentos e energia, subiu a uma taxa anual de 0,8 por cento no terceiro trimestre.
(Reportagem adicional de Caroline Valetkevitch)
Reuters
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